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  • Foto do escritorVOA INSTITUTO

BASE SEGURA



“Dê a quem você ama asas para voar, raízes para voltar e motivos para ficar”

(Autoria desconhecida)



A FORÇA DE UMA BASE SEGURA


O inspirador provérbio “dê a quem você ama asas para voar, raízes para voltar e motivos para ficar” ao ser analisado na perspectiva da teoria do apego possibilita trazer a luz conceitos importantes que a sustentam.

Partindo do trecho “raízes para voltar”, ao observar a relação mãe-filho, já é possível constatar importantes contribuições de Bowlby (2002) para compreender a importância do cuidador primário, que é aquele com maior disponibilidade de tempo de cuidado. A relevância está não só no que se refere à amamentação, nutricionalmente falando, mas como uma fonte de segurança e acolhimento. É comum mães relatarem a busca de seus filhos pela amamentação como recurso para adormecerem. O colo materno carrega calor, ritmo da respiração, proximidade do corpo e da voz – um lugar que pode ser experienciado como fonte de prazer e segurança.


As raízes são a possibilidade de obter uma referência segura no mundo, principalmente quando nos momentos de vulnerabilidade, frequentes quando se observa um recém-nascido. O bebê não se comunica por meio da fala, mas por meio do choro, riso, movimentos de reflexo. À medida de seu desenvolvimento, a criança passa a ter mais recursos e estratégias possibilitando sua sobrevivência e segurança, mas antes disso, a dependência é integral.


O recurso do choro assim como Bowlby (2002, pag.222) descreveu, é um comportamento de apego O comportamento de apego é descrito como o comportamento da criança de busca de proximidade do seu cuidador primário como forma de garantir sua sobrevivência e segurança. A escolha desse cuidador pela criança leva em consideração sua percepção para identificar quem lhe parece mais forte e capaz de protegê-la.


Ao perceber esse cuidador dessa forma, a criança utilizará de estratégias para ter a proximidade, buscando receber os cuidados, sempre que ela se sentir vulnerável, seja por doença, medo ou estresse. O cuidador passa a ser uma possibilidade de base. Será segura se for capaz de oferecer toda nutrição necessária, com disponibilidade e constância.


Sendo assim as raízes podem ser vistas como aquelas que oferecem a planta à nutrição, a sustentação frente às adversidades, base para crescimento do tronco e dos galhos, fluído vital para os frutos germinarem, tal qual o cuidador principal para esse bebê.

Cuidados e privação materna foram assuntos importantes para Bowlby e os impactos destes sobre a saúde mental das crianças. E para a compreensão do impacto que um cuidado adequado pode oferecer a uma criança, é necessário saber o que a teoria do apego diz sobre o comportamento de cuidado, esperado da pessoa que tem o papel de cuidar. Bowlby (1989, pag.25) disse caber ao cuidador “a provisão, por ambos os pais, de uma base segura a partir da qual a criança ou um adolescente podem explorar o mundo exterior e a ele retornar certos de que serão bem-vindos, nutridos física e emocionalmente, confortados se houver sofrimento e encorajados se estiverem amedrontados. Essencialmente, estar disponível, pronto para responder quando solicitado, para encorajar e, talvez, dar assistência, porém só intervindo ativamente quando for claramente necessário”.


Verbos como prover, incentivar explorar, acolher, nutrir física e emocionalmente, confortar, encorajar, estar disponível, assistir apontam para aspectos valorosos da força do vínculo. Não há qualquer pretensão ao ideal de perfeição em relação aos cuidadores, sendo assim cabe assinalar que responsividade, constância, previsibilidade nos comportamentos dos cuidadores fazem parte da formação dessa base segura, mas com flexibilidade ao experimentá-los.


Quando os pais assim atuam, eles possibilitam que seus filhos se sintam seguros o suficiente para explorar o mundo. E exploração se refere a experimentar a si e ao mundo para aprender das diferentes formas. Quando os filhos se sentem seguros de que caso errem ou “não se comportem bem” serão bem recebidos pelos pais, a relação ficará forte assim como os filhos. Eles sentem que tem um “lugar” independentemente de serem perfeitos ou não, serem bonzinhos ou não, serem calados ou não, serem bem-sucedidos ou não. Ocorre uma permissão para serem como são e da criança integrar suas diferentes facetas e suas mais diversas experiencias.

Nesse momento, os pais dão asas para seus filhos. Existe força na raiz e na sustentação para ir além, para explorar a si mesma, as relações com os outros e o mundo. Em voos mais altos, existem mais riscos, mas também inúmeras possibilidades de ricas aprendizagens. Os voos requerem potência (autoestima), que se adquire quando se tem chão firme (base segura).


As relações que oferecem acolhimento, dialogo, trocas equilibradas, validação com constância e disponibilidade são geradoras de bem-estar e saúde mental. É verdadeiro pensar que se deseja ficar em relações e ambientes que propiciam este tipo de nutrição emocional. São vínculos seguros, previsíveis e que por isso se tornam valorosos. O valor consiste em cada um dar e receber nas trocas afetivas apoio e suporte que permite o fortalecimento diante das adversidades da vida diária.

Contudo é notável que, como sociedade, ainda há passos importantes a serem dados rumo a relações mais saudáveis entre cuidadores e filhos, propiciado pela força da base segura gerando galhos que atinjam as alturas.

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1 Comment


Hillary Rodrigues
Hillary Rodrigues
há 2 dias

Olá, gostaria de saber o nome do autor dessa postagem por gentileza. Quero dá as devidas referencias.

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